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terça-feira, julho 04, 2006

E agora? Qual será a próxima novela?

Por: Harlen Ronald

Nos últimos dias, assistimos a duas minisséries: “PCC, com S de açougueiro” e “Copa do Mundo: sangue, suor e sacanagem”. Agora que a última minissérie chegou ao fim, pelo menos para os “brasileiros apaixonados por futebol”, a grande pergunta é: qual será a próxima novela? Como a grande imprensa irá nos fazer girar mais uma vez em torno de um mesmo assunto até que ele se esvazie e não chegue a conclusão alguma?

Parece meio paranóico, não é? Mas, o que seria dos lúcidos se não houvessem os loucos? E, por que faço tantas perguntas?
A verdade é que nos deparamos com uma enxurrada de noticias que, no fim das contas, nem conseguimos assimilar. É o que eu chamo de obesidade informacional, as pessoas ingerem um monte de informações que, na verdade, nem sabem como usar.

Por exemplo, os assuntos ligados aos crimes do PCC desapareceram desde o inicio da Copa, e agora, para não terminar a atual minissérie sem um desfecho, os jornais têm divulgado algumas notícias relacionadas à reação dos jogadores depois do jogo contra a França.

A Folha de São Paulo ficou irada porque o Ronaldinho e o Adriano, ao invés de terem definhado de tanto chorar, foram para uma festa numa boate de samba e funk. O mais interessante é que a reportagem critica o fato de que “descontraído, Ronaldinho foi vestido com roupas no estilo NBA (a milionária liga de basquete)”. Nossa! No inicio, o cara é homenageado porque “conseguiu sair da sua condição de pobreza”, agora está sendo criticado porque usufrui do mesmo dinheiro que fez com que a Hebe o chamasse de gracinha. Foi uma grande observação feita por Sérgio Rangel. Acho que posso chamá-lo de baluarte do marxismo.

Aliás, a única informação realmente relevante é que todo esse emaranhado de notícias só tem revelado o quanto o Brasil reflete o universo da luta de classes. Nunca me esquecerei do Antonio Carlos Magalhães dizendo: “É muita ousadia desse Lula, que, sendo um torneeiro mecânico, se elege a presidente e vai viver como um lorde”. É isso aí ACM. Democracia pra pobre, só na fila do SUS. Sem falar na autocomplacência de certos bebês-chorões, dizendo que o presidente está abandonando a classe média em detrimento da pobreza. É isso aí rapá, agora é vez do povão.
Tem mais. Acho que a Globo viu que o anti-brasileirismo estava chegando ao extremo e colocou o clássico “Independence Day” pra alegrar a nossa tarde. Já encontrei uns três que se sensibilizaram com o filme e até deixaram de lado a aversão pelo resultado da Copa. “O importante é se unir e lutar por algo mais importante”.

De qualquer forma, esse é o resultado das tantas novelas que temos assistindo. Por não ver resultado nas tais CPI's (que, sinceramente acho que só se situam no mundo virtual), o povo perde a esperança, não só nos políticos, mas na política, abrindo alas para que a classe média chame todo mundo de alienado.

E, finalmente, de tanto tentar reduzir o patriotismo a futebol, os brasileiros se vêem desolados, e todo esse papo de paixão vai pro espaço. Quando se têm paixão por alguma coisa, não se leva em conta a vitória ou a derrota, mas a beleza do espetáculo. No entanto, isso é impossível quando a indústria e o capitalismo geometriza e serializa os esportes.

2 comentários:

Anônimo disse...

Agora, querem que a gente torça por Portugal. Estão trocando a camisa da seleção brasileira por vale transporte no centro de Teresina ou por uma camisa de Portugal. Dá-lhe Figo!

Anônimo disse...

[risos] Concordo com boa parte do que está escrito.

A paixão é efêmera como a Copa. O brasileiro esteve apaixonado pelo time canarinho. Não tenho nada contra, pelo contrário. Acho lindo a família reunida, as mulheres reclamando do Parreira, os comentaristas trocando de lado a cada gol, os colegas fazendo bolão... É divertido! Tem aqueles chatos que dizem: "tem que ser assim o ano inteiro". Putz. Já pensou? Nem. Patriotismo não é assim, não somos clones americanos.

Esse papo de notícias demais engordam é furada. Todo mundo sabe que as notícias entram e saem do ouvido com a velocidade do "boa noite bonniano". Acho que as pessoas se perguntam o tempo todo: "que interesse tem isso para mim?". O fato que se escutar ou lê uma noticia não nos faz usuários estilo A.A., somos apenas curiosos. Fumei, mas não traguei. Sacou?

Quanto a política, isso sim já era. O núcleo está pôdre. É zerar o contador e começar tudo de novo. Do zero. Com torneiro ou sem torneiro.

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