Todo dia você recebe dezena, centenas, milhares, milhões de notícias. A missão desse blog é analisar aquelas que são difíceis de engolir. E assim, re-construir informações, criando uma nova maneira de entender as coisas do mundo.

segunda-feira, setembro 18, 2017

Qual livro você está lendo?

Outro dia um amigo perguntou que livro eu estava lendo no momento. Não soube dizer. Como assim? Estou lendo “Capitalismo em Confronto”, do Philip Kotler. Mas por que eu não lembrei disso na hora? Há alguns meses deixei meus livros de lado por causa de um Kindle que ganhei. Kindle é aquele dispositivo da Amazon que parece um tablet, mas é um leitor de livros digitais. Mas por que não lembrei do título? Hoje, aqui olhando o Kindle sobre a mesa, lado a lado com meus velhos livros empoeirados, percebi o motivo. Livros tradicionais você os olha por longos períodos de tempo. Eles estão ali na sua frente. A capa deles se comunica através das cores vibrantes, das fontes garrafais e da encadernação única. Kindles não. Em stand-by são monocromáticos, silenciosos e indiferentes, um monólito. Como lembrar do livro que estou lendo? Essa curiosidade sobre o hábito de leitura em kindles pode ser corrigida no futuro. Um Kindle poderia simular o livro em toda sua carcaça. Seria legal. Você olharia para o dispositivo sobre a mesa e enxergaria o seu livro, não esse tijolo de plástico sem alma.

quinta-feira, outubro 26, 2006

O PRESIDENTE E A MÍDIA

O debate que a imprensa não faz

Por Alberto Dines em 26/10/2006

A imprensa cansa depressa. Antes do primeiro turno reclamava a ausência do candidato Lula nos debates televisivos. Então o candidato do governo prometeu que se houvesse segundo turno ele participaria de debates todos os dias. Agora, depois de apenas três debates, os jornais começam a dizer que os debates estão chatos, cansaram. Será que a imprensa quer espetáculo ou quer encarar nossa realidade política? Os debates não estão chatos, são verdadeiros, retratam fielmente os candidatos e mostram até que ponto o marketing domina o nosso processo eleitoral. O primeiro debate na Band foi surpreendente, mostrou a transformação do candidato Alckmin. O debate do SBT foi mais fraco, por culpa dos próprios candidatos e de suas assessorias. O terceiro, da Record, foi o melhor porque os responsáveis tiveram a coragem de mudar o formato e, sobretudo, porque trouxeram jornalistas que não fazem parte do circuito de estrelas da crônica política. E justamente por causa destes jornalistas reverteu-se o clima e o confronto que parecia declinar, de repente, esquentou. Quem dormiu no ponto foram os grandes jornais que não souberam aproveitar, no dia seguinte, os quatro minutos em que o candidato Lula falou sobre a imprensa e a mídia. [leia aqui "O presidente-candidato e a comunicação", com a transcrição das palavras de Lula no debate da Record]. Comeram mosca. Ou melhor, seguiram a velha tradição de ignorar o debate sobre a imprensa e sobre a mídia. Portanto não são os debates que estão cansando, é a imprensa que primeiro reclama contra o desrespeito à democracia e, depois, esquece o seu papel de zeladora da democracia.

Fonte: Observatório da Imprensa.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Mídia 'abafa' investigações contra PSDB

Essa mensagem tem sido repassada de vários e-mails. Viva à internet.

Segundo relatos de jornalistas das principais redações do país, há 'ordem velada' para se poupar candidaturas tucanas. Equipes são destacadas para investigar suposta venda do dossiê, enquanto pautas sobre relação de tucanos com sanguessugas são vetadas.Bia Barbosa – Carta MaiorSÃO PAULO – Um dos últimos boletins eletrônicos de campanha do presidente Lula afirma que o “ódio” de alguns meios de comunicação pela esquerda tem “motivos simples, embora inconfessáveis”. “Acostumados ao controle que detinham sobre a opinião pública desde a redemocratização do país, alguns meios de comunicação não se conformam com a situação atual, em que a maior parte do povo vota em Lula, contra a opinião da maior parte da mídia, que é alckmista. O que mais incomoda estes setores da direita e dos meios de comunicação são as mudanças na estrutura social brasileira”, diz o texto.Nas últimas semanas, depois da eclosão da crise do dossiê contra Serra, o presidente tem feito duras críticas ao comportamento da imprensa. Em discurso feito em Porto Alegre nesta segunda-feira (25), Lula disse que a cada erro que companheiros do partido cometem os jornais reagem como se “tivesse caído uma bomba atômica”, repercutem “meses e meses”. Já o erro dos adversários sai “no dia seguinte das páginas dos jornais”.Estaria Lula exagerando nessa avaliação? Na última terça-feira (26), o jornal O Globo publicou uma matéria intitulada “Ataque de Lula à imprensa provoca reações”, que afirma que, na opinião de jornalistas e políticos ouvidos pelo jornal, o “episódio da compra do dossiê contra o candidato do PSDB ao governo do Estado de São Paulo, José Serra, foi criado por integrantes do partido de Lula, não por jornalistas”.A reportagem ouve, no entanto, somente fontes que confirmam a tese de que a cobertura estaria equilibrada. Na reportagem, o jornalista Alberto Dines, do “Observatório da Imprensa”, afirma que o discurso de Lula é “esquizofrênico” e que a mídia “tem se comportado muito bem”. A outra fonte ouvida é o diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo, Sandro Vaia, que diz que a imprensa está cumprindo sua obrigação ao cobrir e dar espaço em suas edições ao episódio, sem “partidarismos”. O ombudsman da Folha de S.Paulo aparece dizendo que a imprensa tem agido corretamente ao dar visibilidade ao caso.Ninguém discorda disso. No entanto, onde estaria o acompanhamento da imprensa do outro lado desta história? Por que nossas equipes de jornalismo investigativo não foram atrás, como a mesma profundidade, das informações que o dossiê trazia? Como foram determinadas as linhas de coberturas dos jornais, revistas e da televisão acerca do caso?No dia 18 de setembro, poucos dias depois da prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha em São Paulo, a análise interna de Marcelo Beraba, ombudsman da Folha de S.Paulo, dizia que parecia “correta até aqui a cobertura jornalística da Folha do dossiê contra Serra que os Vedoin tentavam vender para um membro do PT e uma revista. Desde sábado o jornal está bem informado, deu destaque necessário nas Primeiras Páginas, tem dado espaço para as várias acusações e para as várias defesas e explicações e tem tratado as acusações ainda não confirmadas com cautela”. Dois dias depois, no entanto, destacava que a “Folha relegou a uma nota pequena e sem destaque, no final da edição, à continuação da investigação que iniciou no interior de São Paulo seguindo as pistas reveladas pela entrevista dos Vedoin à IstoÉ e que relacionam os ex-ministros José Serra e Barjas Negri à máfia dos sanguessugas. Aliás, o título da nota - "Ex-prefeito admite ter sido pago por Abel", página A14 - é impossível de ser decifrado. Quem é Abel?”.Já no dia 21, Beraba afirma que “sumiu, na Edição SP, a única notícia que dava seqüência às investigações que a Folha vem fazendo do envolvimento de tucanos com a máfia dos sanguessugas. Na Edição Nacional, a nota "Barjas Negri é investigado em Piracicaba" está na página A7, mas depois caiu”. No dia seguinte, o ombudsman aponta uma mudança importante na manchete da primeira página:“A Edição Nacional circulou com a declaração do presidente à TV Globo: "Lula põe 'a mão no fogo' por Mercadante". Mais tarde, com o depoimento de um dos Vedoin à Polícia Federal, o título mudou: 'Vedoin isenta Serra do caso sanguessuga'. Embora as palavras dos Vedoin já não mereçam grande credibilidade, tantos depoimentos e entrevistas contraditórios já deram; o jornal, ao optar por mais esta declaração, deveria ter colocado na formulação da manchete ou da linha de apoio a informação completa: Vedoin disse que não sabia de indícios contra Serra, mas voltou a acusar Abel Pereira de receber propinas na gestão do também tucano Barjas Negri, sucessor de Serra. O título interno contempla as duas informações e mostra que a Primeira Página teria condições de ter feito formulação parecida - 'Vedoin isenta Serra, mas acusa sucessor'. Como está, a manchete da Folha faz parecer que a única preocupação do jornal é isentar o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, e não a apuração do esquema dos sanguessugas que teria se apropriado do Ministério da Saúde nos governos FHC e Lula”.As críticas à cobertura do jornal continuam até esta quarta-feira (27), quando Beraba afirma que desapareceu, na Edição SP da Folha, a meia página de noticiário sobre o suposto envolvimento do ex-ministro Barjas Negri (PSDB) no escândalo dos sanguessugas publicada na Edição Nacional. “Os títulos das reportagens da Edição Nacional que caíram: 'Presidente de CPI vê prova contra tucano', 'Empresário daria à Justiça papéis contra tucano' e 'Abel agora diz que foi duas vezes à Saúde' (página A7). Para abrigar o noticiário dos debates que terminaram tarde, a Edição SP teve de excluir algumas reportagens publicadas da Edição Nacional. Precisavam ser exatamente as referentes ao noticiário sobre o suposto envolvimento dos tucanos?”, questiona o ombudsman.Dentro das redaçõesAs decisões acerca da cobertura da Folha de S. Paulo, que são apontadas, mas não explicadas, pela crítica interna da redação, não são exclusivas do jornal cujo presidente – Luis Frias – é amigo pessoal de José Serra. Em veículos do mesmo grupo, vale a regra do faz de conta: faz de conta que Abel Pereira – o empresário ligado ao PSDB que também estaria envolvido em negociações do dossiê – não existe.“Como Abel [Pereira] não está preso, não está indiciado, então faz de conta que ele não existe. Mas ele também estava negociando o dossiê com Vedoin; havia um leilão de informações, independente do conteúdo ser verdadeiro ou falso. Era preciso investigar por que ele estava lá. Mas o que se faz é repercutir o que sai no jornal impresso do dia. Então, se a Folha não dá, aqui também não sai nada. Parece que, por alguma razão, as pessoas não conseguem entender que há um outro lado da história”, disse à Carta Maior um jornalista que trabalha numa empresa do Grupo Folha.“Aqui não há uma pressão para que o Serra apareça bem, mas todo mundo sabe que a ordem de cima é pra poupá-lo. Se vier algo concreto contra ele, vamos dar. Mas se for uma situação nebulosa – como acontece com informações sobre outros políticos que acabam publicadas – não damos”, explica outro profissional que trabalha na empresa.Em outro grande jornal de São Paulo, cuja linha editorial é claramente favorável aos tucanos, a cobertura da crise recente foi “como o de sempre”. “Ataquem os inimigos e finjam-se de mortos com os amigos”, relatou um repórter. “O foco da pauta desses dias foi todo no bando que comprou o dossiê, mas ninguém se preocupou em ir atrás do dossiê. A pauta do dia já vem pronta, na verdade: o repórter chega e já dizem pra ele pra onde ele vai correr. Aí ele vai pra rua, apura o que pediram pra apurar e acabou”, explica outro jornalista do mesmo jornal.Segundo os repórteres de uma das revistas semanais de maior circulação, há uma clara diferença de comportamento entre o período "padrão" e os períodos de “crise”. As informações chegam, são apresentadas pela equipe de reportagem, mas não ganham continuidade na pauta.“Não há uma ordem explícita. Mas quando chega a hora do fechamento, é só olhar para o espelho. Há seis páginas para falar da crise que envolve o PT e duas colunas pra dizer que há alguma suspeita sobre o PSDB”, conta um jornalista. “Há pequenos boicotes internos e você nunca sabe se isso é voluntário”, diz outro. “Você até tenta furar o bloqueio. Apura, mostra, mas a pauta não anda. É inexplicável”, completa.Na época da crise do mensalão, qualquer informação contra o governo era usada pela revista para confirmar a tese de autoritarismo e aparelhamento do Estado. Quando alguma coisa vazava “do outro lado” – por exemplo, quando surgiu a relação entre Marcos Valério e o tucano Eduardo Azeredo –, e não havia como sonegar a informação do leitor, “a matéria se transformava numa análise sociológica de como a política é suja no Brasil. Ou seja, uma matéria é a sujeira de um partido. A outra, é a sujeira da política no geral. Aí essas informações caem na vala comum”, explica um dos jornalistas do veículo.Pelos relatos – e pelo fato de todos os jornalistas temerem falar abertamente sobre a cobertura política que seus veículos realizam –, fica nítido que há uma pressão clara dos donos dos meios de comunicação não apenas para que a cobertura siga determinada orientação, mas também para que não se discuta isso publicamente.Na televisãoNa maior emissora de TV do país, o clima na redação não é diferente. Na semana passada, a Rede Globo não falou, em nenhum momento, que 70% das ambulâncias da Planam foram liberadas durante a gestão do PSDB, quando Serra estava à frente do Ministério da Saúde. A emissora também não enviou uma equipe até Piracicaba, para investigar Abel Pereira e as suspeitas que pesam sobre o ex-secretário-executivo de José Serra e atual prefeito da cidade, Barjas Negri. Durante a crise do mensalão, a emissora colocou repórteres investigando a fundo as denúncias contra Antônio Palloci em Ribeirão Preto. Mas Piracicaba parece que foi “esquecida” desta vez.Esta semana, a emissora entrou na cobertura do “caso Abel” de forma tímida, mas com espaço para manipulações sutis. Na última terça-feira, em entrada ao vivo no jornal Hoje, o repórter da TV Centro-América, afiliada à Globo em Mato Grosso, disse que Abel Pereira esteve em Cuiabá na véspera da entrevista para a revista IstoÉ, e que Pereira é ligado a Barjas Negri, ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso (Negri assumiu o ministério quando da saída de Serra). À noite, o texto da edição do Jornal Nacional descrevia Negri como “ex-ministro do governo anterior”. Osvaldo Bargas, Jorge Lorenzetti e Freud Godoy são descritos dezenas de vezes ao dia como petistas. Mas Abel Pereira não pode ser tratado como lobista de um ex-ministro e prefeito tucano.Com didatismo, a emissora relaciona o presidente Lula e os corruptos de seu governo e do partido envolvidos com a história do dossiê. O mesmo não acontece com Serra, Negri, Pereira, Vedoin e os deputados mensaleiros do Mato Grosso, que na época eram do PSDB. A pergunta que o telespectador se faz é: “Lula não sabia de nada?”. Mas ao eleitor não é dada a chance de se perguntar: “E Serra, não sabia de Abel? Se Barjas Negri era seu braço direito, como Serra não sabia dos sanguessugas atuando ali tão perto?”O desequilíbrio da cobertura da Globo contaminou também o acompanhamento dos candidatos à presidência. Desde o início da campanha, a recomendação dos editores era a de que as entrevistas dos candidatos nas ruas deveriam ser sempre propositivas. Nada de críticas ou provocações aos adversários. No caso do PCC, por exemplo, o candidato petista ao governo de São Paulo não podia aparecer cobrando do governo do PSDB/PFL por que a polícia paulista havia perdido o controle do crime organizado. No entanto, diariamente se vê no Jornal Nacional as críticas dos demais candidatos a Lula.Na quarta-feira (20) da última semana, Geraldo Alckmin foi agraciado com 1´20” no Jornal Nacional. Os outros candidatos tiveram 30 segundos. A justificativa dos editores cariocas foi a de que tratava-se do lançamento do programa de governo do PSDB, daí o tempo maior. No entanto, as declarações de Alckmin neste dia não foram sobre seu programa, mas atacando a corrupção do governo Lula. No dia do lançamento do programa de governo de Lula, na última semana de agosto, o candidato recebeu 1´30” – exatamente o mesmo tempo dado ao PSDB, incluindo espaço para Fernando Henrique criticar o presidente em seu discurso no Jockey Clube.“Na redação, as pessoas estão com o estômago revirado. Ninguém duvida da necessidade de mostrar essa quadrilha de pseudo-sindicalistas que tentaram comprar o tal dossiê. Mas e o outro lado? E os sanguessugas tucanos? O que vemos, é um massacre ininterrupto no ar”, contou à Carta Maior um jornalista da TV.Credibilidade em jogoEm seu site pessoal, o repórter da Globo Luiz Carlos Azenha avalia que o que acontece hoje é um “espetáculo de hidrofobia que, lamentavelmente, não se fez quando a Vale do Rio Doce foi privatizada ou quando surgiram denúncias de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comprou votos no Congresso para garantir seu direito à reeleição”. “Embora isso não justifique o banditismo de integrantes do governo Lula, está claro que sanguessugas, vampiros e mensaleiros começaram a agir no governo FHC. O que fez a Polícia Federal, então? E Aristides Junqueira (sic), o engavetador-geral da República?”, questiona Azenha.O repórter diz que se sente à vontade para escrever sobre o atual governo porque investigou e denunciou alguns de seus integrantes. “Mas o trabalho de um jornalista deve ser guiado pela imparcialidade. A pior coisa que um repórter pode fazer é trombar com os fatos”, afirma.Nos bastidores do jornalismo, não são poucas as histórias do poder de José Serra junto aos donos dos meios de comunicação. Certa vez, ele teria ligado diretamente para Boris Casoy e pedido a cabeça de um repórter que não havia feito a “pergunta combinada” a ele numa entrevista de rua. Também não são poucas as inclinações das chefias às políticas conservadoras.Na avaliação de Luís Nassif, em post publicado esta semana em seu blog, é evidente que há uma competição entre praticamente todos os grandes veículos da mídia para saber quem derruba Lula primeiro. “Está-se tentando repetir a história, quando o momento seria propício para o veículo que se colocasse acima das paixões, recuperasse a técnica jornalística e se comportasse como magistrado, duro, inflexível, porém justo, colocando a preocupação com o país acima das conveniências de momento”, escreveu o jornalista.Para Nassif, a virulência do editorial de domingo (24) da Folha de S. Paulo adotou um estilo inspirado em Carlos Lacerda. Lacerdista ou não, é fato que há uma guerra declarada da mídia ao governo e uma onda – não necessariamente articulada, porque nem precisa ser – para poupar tucanos e fingir que nada se passa do lado oposto do muro. Pesquisas quantitativas e qualitativas – como as divulgadas pelo Observatório Brasileiro de Mídia – mostram como isso se reflete no tempo e no espaço de textos negativos ou positivos dados pela imprensa a cada um dos candidatos. Dentro das redações, os movimentos são sutis. Por enquanto, as pesquisas eleitorais mostram que, apesar da artilharia, o efeito surtido questiona a eficiência da estratégia. Resta saber se, depois das eleições, o caminho escolhido pela imprensa brasileira não afetará sua credibilidade e sua capacidade de continuar influenciando a opinião pública.

Fonte primária: www.cartamaior.com.br

segunda-feira, agosto 28, 2006

Lamento de um candidato a cidadão!

Por: Harlen Ronald

A festa da democracia se inicia mais uma vez. É chegada a hora, irmãos! Os candidatos já está começando a se lembrar que existem lugares como a Ceasa e o Parque Eliane. Nossa! O Mão Santa até foi lá, depois de três anos e meio. Quem diria! Quando a necessidade bate à porta, vale tudo mesmo.
Devemos agora recordar as maravilhosas obras que todos eles fizeram pelo povo: as ruas asfaltadas, os esgotos, o incentivo à cultura. Meu Deus, quanta coisa!
E tudo foi feito devido à sua imensa misericórdia, já que nada disso é dever dos governantes.
Pelo amor de Oxum, digam pra esse candidato maluco parar de me atazanar, o cara tá com um carro de som há mais de uma hora e tocando a mesma música. Ainda por cima, alega o que fez há uns vinte mil anos atrás, quando o tio dele era governador e o nomeou secretário da puta que pariu.
Sem falar nos intelectuais, me dizendo que meu voto é garantia de exercício da cidadania. Disso eu sei, cara! E o seu Raimundo, que mora lá na Chapadinha, também sabe.
O problema não é votar, é acreditar que nesse papo de cidadania. Puxa, vida. Eu só sou cidadão a cada quatro anos ,irmão. Isso é sacanagem. O resto do tempo sou tratado que nem um animal. Opa! Peraí! Os animais têm uma sociedade protetora, enquanto meu sindicato tá cheio de cabo eleitoral e totalmente desfacelado.
"Ah! Mas o povo tem direito de reclamar!" Como? Vamos sair por aí, caminhar pela cidade inteira e depois sentar na frente da prefeitura ou do karnak? Eu não tenho pique pra fazer isso. Tô muito cansado do trabalho. "Mas vocês podem exigir uma reunião com as autoridades". Se liga, cara! Primeiro: os caras vão fazer de tudo pra nao receber a gente. Se vacilar, fazem que nem um certo vereador teresinense, que, há um tempinho atrás, chamou todos os professores de vagabundos e mandou a PM baixar o pau. Também, pudera! Ficar reivindicando direitos na frente do karnak é coisa pra quem não tem o que fazer. Como diria Alberto Silva: "_Que espécie de funcionário é esse, que não agüenta cinco meses de atraso?" Acho que nesse momento, ele não tava conseguindo diferenciar salário de sexo. Mas, tudo bem. Só não vem me chamar de alienado, porque pensar na nação é muito fácil durante a copa do mundo. Mas, tente fazer isso com cinco filhos menores e uma renda mediocre.
Alguém, por favor, pense em mim, que eu já tô ficando sem Noção e sem nação.

terça-feira, agosto 01, 2006

quarta-feira, julho 26, 2006

O novo paradigma: a guerra infinita.

Por: Leonardo Boff, teólogo e escritor.

Assistimos impotentes à tribulação da desolação do sem número de vítimas inocentes, de milhares de refugiados e da irracional destruição de toda a infra-estrutura de um país que acaba de se reconstruir da guerra anterior. Um mundo assim só pode nos levar à dessocialização e à guerra sem fim.

O sociólogo frances Alain Tourraine, que muito ama o Brasil e que adotou a America Latina como a pátria de seu coração, sustenta em seu recente livro "Um novo paradigma: para entender o mundo de hoje" (Vozes 2006) uma tese intrigante que nos permite entender, de certa forma, a violência, na verdade, a guerra terrorista que está ocorrendo entre palestinos e israelenses no Líbano.

A tese que propõe é que depois da queda do muro de Berlim e dos atentados de 11 de setembro de 2001 começou rapidamente uma desintegração das sociedades, dominadas pelo medo e impotentes diante do terrorismo. Estaríamos assistindo a passagem da lógica da sociedade para a lógica da guerra. A potência hegemônica, os EUA, decidiu resolver os problemas não mais por via diplomática e pelo diálogo mas pela intervenção e pela guerra levada, se preciso for, a qualquer parte do mundo.

Essa estratégia possui sua lógica. Inscreve-se dentro da atual dinâmica da globalização econômico-financeira. Esta não quer saber de qualquer controle ou regulação social e política. Exige campo aberto para fazer a guerra dos mercados. Separou totalmente economia de sociedade, vê os estados-nações como entraves, procura reduzir o estado, difamar a classe política e passar por cima de organismos de representação mundial como a ONU. Esta dissolução das fronteiras acarretou a fragmentação daquilo que constitui a sociedade.

Pior ainda. Invalidou a base política e ética para o sonho de uma sociedade mundial, tão querida pelos altermundialistas, que cuidasse dos interesses coletivos da humanidade como um todo e que tivesse um minimo de poder central para intervir nos conflitos e dinamizar os mecanismos da convivência, da paz e da preservação da vida.

Esta desocialização é consequência da globalização econômico-financeira que encarna o capitalismo mais extremado com a cultura que o acompanha. Esta implica a segmentação da realidade, com a perda da visão do todo, a exacerbação da competitividade em detrimento da cooperação necessária, o império das grandes comportações privadas com pouquíssimo senso de responsabilidade sócio-ambiental e a exaltação do indivíduo alheio ao bem comum.

O mundo está em franco retrocesso. A atual sociedade não se explica mais, como queria a sociologia clássica, por fatores sociais, mas por forças impessoais e não sociais como o medo coletivo, o fundamentalismo, o terrorismo, a balcanização de vastas regiões da Terra e as guerras cada vez mais terroristas por vitimarem populações civis.

Este cenário mundial dramático explica por que nenhuma instância política mundial tem capacidade reconhecida e força moral suficiente para pôr fim ao conflito palestinense-israelense que está transformando o Líbano numa ruína. Assistimos impotentes a tribulação da desolação do sem número de vítimas inocentes, de milhares de refugiados e da irracional destruição de toda a infra-estrutura de um país que acaba de se reconstruir da guerra anterior. Isso é terrorismo.

Se, impotentes, não sabemos o que fazer, procuremos pelo menos entender a lógica desta violência. Ela é fruto de um tipo de mundo que, nas últimas décadas, decidimos constuir baseado na pura exploração dos recursos da Terra, na produção e no consumo ilimitados, na falta de diálogo, tolerância e respeito pelas diferenças. Um mundo assim só pode nos levar à desocialização e à guerra sem fim.

fonte: agenciacartamaior.uol.com.br

terça-feira, julho 04, 2006

E agora? Qual será a próxima novela?

Por: Harlen Ronald

Nos últimos dias, assistimos a duas minisséries: “PCC, com S de açougueiro” e “Copa do Mundo: sangue, suor e sacanagem”. Agora que a última minissérie chegou ao fim, pelo menos para os “brasileiros apaixonados por futebol”, a grande pergunta é: qual será a próxima novela? Como a grande imprensa irá nos fazer girar mais uma vez em torno de um mesmo assunto até que ele se esvazie e não chegue a conclusão alguma?

Parece meio paranóico, não é? Mas, o que seria dos lúcidos se não houvessem os loucos? E, por que faço tantas perguntas?
A verdade é que nos deparamos com uma enxurrada de noticias que, no fim das contas, nem conseguimos assimilar. É o que eu chamo de obesidade informacional, as pessoas ingerem um monte de informações que, na verdade, nem sabem como usar.

Por exemplo, os assuntos ligados aos crimes do PCC desapareceram desde o inicio da Copa, e agora, para não terminar a atual minissérie sem um desfecho, os jornais têm divulgado algumas notícias relacionadas à reação dos jogadores depois do jogo contra a França.

A Folha de São Paulo ficou irada porque o Ronaldinho e o Adriano, ao invés de terem definhado de tanto chorar, foram para uma festa numa boate de samba e funk. O mais interessante é que a reportagem critica o fato de que “descontraído, Ronaldinho foi vestido com roupas no estilo NBA (a milionária liga de basquete)”. Nossa! No inicio, o cara é homenageado porque “conseguiu sair da sua condição de pobreza”, agora está sendo criticado porque usufrui do mesmo dinheiro que fez com que a Hebe o chamasse de gracinha. Foi uma grande observação feita por Sérgio Rangel. Acho que posso chamá-lo de baluarte do marxismo.

Aliás, a única informação realmente relevante é que todo esse emaranhado de notícias só tem revelado o quanto o Brasil reflete o universo da luta de classes. Nunca me esquecerei do Antonio Carlos Magalhães dizendo: “É muita ousadia desse Lula, que, sendo um torneeiro mecânico, se elege a presidente e vai viver como um lorde”. É isso aí ACM. Democracia pra pobre, só na fila do SUS. Sem falar na autocomplacência de certos bebês-chorões, dizendo que o presidente está abandonando a classe média em detrimento da pobreza. É isso aí rapá, agora é vez do povão.
Tem mais. Acho que a Globo viu que o anti-brasileirismo estava chegando ao extremo e colocou o clássico “Independence Day” pra alegrar a nossa tarde. Já encontrei uns três que se sensibilizaram com o filme e até deixaram de lado a aversão pelo resultado da Copa. “O importante é se unir e lutar por algo mais importante”.

De qualquer forma, esse é o resultado das tantas novelas que temos assistindo. Por não ver resultado nas tais CPI's (que, sinceramente acho que só se situam no mundo virtual), o povo perde a esperança, não só nos políticos, mas na política, abrindo alas para que a classe média chame todo mundo de alienado.

E, finalmente, de tanto tentar reduzir o patriotismo a futebol, os brasileiros se vêem desolados, e todo esse papo de paixão vai pro espaço. Quando se têm paixão por alguma coisa, não se leva em conta a vitória ou a derrota, mas a beleza do espetáculo. No entanto, isso é impossível quando a indústria e o capitalismo geometriza e serializa os esportes.

terça-feira, junho 27, 2006

Procura-se livros novos!

"UESPI quer captar mais de R$ 5 milhões junto a contribuientes do Imposto de Renda para adquirir 12 mil livros e atualizar bibliotecas" Fonte: 180graus

Sempre que penso em bibliotecas imagino um lugar grande, com estandes altas, carregadas de livros. Silêncio. Uma senhora de meia idade ao fundo com óculos engraçado no rosto e com um ar de conhecimento sobre tudo aquilo que ela guarda. Os livros parecem se exibir, sugerindo os segredos que podem revelar. As bibliotecas têm um poder revelador fascinante. Sempre imagino pessoas concentradas nos pensamentos que Kant ou Sócrates lhes sugerem. Penso em pessoas pensantes. Nada mais me entristece do que constatar a realidade. Incômoda realidade. A biblioteca da Universidade Estadual do Piauí (campos Pirajá) está soterrada entre seus escombros. Livros sujos, velhos, empoeirados. Pobre de mim que sou alérgica! Acervo antigo, ultrapassado. Pessoal totalmente despreparado para trabalhar em uma biblioteca. A realidade não nos permite sonhar. Nos clama por agir!

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